domingo, 14 de junho de 2009

O Alienista

Ficção Científica

Vila de Itaguaí, Brasil 1980

Alienista é o especialista em tratamento de doenças mentais, o médico que cuida dos alienados (loucos, doidos). Os doentes são os loucos ou são aqueles em seu perfeito juízo?

Simão Bacamarte em estadia na Europa, adquire conhecimentos sobre o estudo e o tratamento da loucura e decide então classificá-los. Voltando para o Brasil e através de autorização e auxílio da Câmara de Vereadores de Itaguaí, funda um hospício onde resolve estudar os limites entre a razão e a loucura, a “Casa Verde”, assim denominada por possuir janelas pintadas de verde, convencendo as autoridades e a população de que estudar este mal era tendência na Europa. Os primeiros alienados começaram a povoar o hospício: pessoas vaidosas, bajuladoras, indecisas.

Simão era casado com Evarista, que não possuía atributos de beleza e tampouco conseguiu engravidar. Mesmo depois de dietas e ações médicas realizadas por Simão os filhos não chegaram. Com essa frustração, Simão dedicava-se ao estudo dos seus loucos arduamente, e assim, Evarista sentiu-se abandonada. O marido, então lhe deu uma viagem ao Rio de Janeiro, com a tia e a mulher do boticário, amigo íntimo de Simão.

Certo dia, Simão mandou chamar Crispim Soares, o boticário seu amigo e confidente. Simão lhe conta suas idéias a respeito de experiências que vão mudar a face da terra. A loucura, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão, começo a suspeitar que seja um continente. O padre Lopes, sabendo dessas idéias, pensa que os limites entre a razão e a loucura estavam bem delimitados. A partir daí, instala-se o terror na cidade, quando Costa, que havia recebido uma herança e conseguiu ficar na miséria, é internado na “Casa Verde”. Sua prima foi pedir por ele e acaba também sendo internada. Depois prenderam Mateus, o homem apenas tinha uma bela casa com um belo jardim e gostava da admiração alheia. Um outro médico chamou a Casa Verde de cárcere privado, e a opinião se espalhou rapidamente. Aos poucos Simão Bacamarte, resolve que os honestos e os justos eram também loucos. Chega ao ponto de internar quase toda a cidade. A população esperava o retorno de Evarista, na esperança de que o marido a ouvisse e diminuísse a fúria do estudioso. Mas nem assim... Martim Brito discursou em homenagem à dama, dizendo que Deus quis vencer a Deus e criou Evarista.

O alienista viu ali um caso típico de lesão cerebral, e o moço foi recolhido. A rebelião era iminente, pois consideravam o médico um déspota. Lideradas pelo barbeiro Porfírio, cerca de trinta pessoas foram à câmara municipal, que negou qualquer interferência em assunto de natureza científica. Partem então para a Casa Verde, com a intenção de destruí-la. Simão Bacamarte diz que seus atos só seriam explicados aos mestres e a Deus, jamais a leigos ou a rebeldes. Porfírio, conversando com o Simão compreende a necessidade da Casa Verde. Há uma intervenção militar e os revoltosos são trancafiados no hospício. João de Pina, também barbeiro denuncia que Porfírio deve ter se vendido a Simão Bacamarte, nisto veio uma força mandada pelo vice-rei e Porfírio, Crispim Soares, o vereador Sebastião de Freitas e muitos homens foram levados à Casa Verde. Por fim até Evarista em quem o alienista enxergara uma mania, foi recolhida ao hospício.

Certo dia, a população fica assombrada. Percebeu ele que quatro quintos da população estavam alojados na Casa Verde. Concluía então que o normal e exemplar é que era o desequilíbrio. Foram então levados à Casa Verde aqueles que “gozavam do perfeito equilíbrio de suas faculdades mentais”. A câmara aprovou o projeto por um ano para realização de experiências. Houve muitas festas para comemorar o retorno dos antigos reclusos. Após cinco meses a Casa Verde estava com uns dezoito doentes. Eram poucos os loucos, o que confirmava a nova teoria... Nessa nova fase, as curas foram muitas. Em uma pessoa que padecesse de modéstia, ele aplicava uma medicação que lhe incutisse o sentimento oposto. A cura não seria apenas a descoberta do desequilíbrio do cérebro?
No fim do tratamento todos foram postos fora e Simão concluiu que os cérebros bem organizados recém curados eram desequilibrados como os outros e que em cada cérebro havia os dois.
Amigos de Bacamarte apontaram nele as virtudes de um cérebro perfeito. O padre Lopes enfatizou que ele reunia inúmeras qualidades, realçadas pela modéstia. Depois de tal conclusão Simão viu nele o perfeito equilíbrio, pois reunia em si a teoria e a prática e decide recolher-se à Casa Verde. Dali a dezessete meses, o alienista morre e é enterrado com pompa e solenidade.
Boatos diziam que o único louco de Itaguaí foi o Simão Bacamarte.

- O Alienista mostra o ser humano que só pensa em seu próprio prestígio e também mostra que todos nós temos um pouco de loucura e cometemos erros as vezes nos arrependemos e percebemos que estamos errados.

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